Com um investimento de R$ 5,5 bilhões e uma megaestrutura que ocupa o equivalente a 645 campos de futebol, a BYD deu início a uma nova fase da sua atuação no Brasil ao apresentar o primeiro veículo produzido em caráter experimental na planta de Camaçari, na Bahia. O modelo é o Dolphin Mini, que será um dos três automóveis da montadora inicialmente fabricados em território nacional, juntamente com o Song Pro e o King, todos em sistema SKD (Semi Knocked-Down), ou seja, com montagem local a partir de kits importados.
“A BYD é uma empresa feita por engenheiros e uma das que mais investem em pesquisa e desenvolvimento no mundo. Toda essa tecnologia agora está presente na nossa fábrica brasileira. Levamos apenas 15 meses entre iniciar as obras e entregar o primeiro veículo em caráter experimental da nossa linha de produção”, afirmou Stella Li, Vice-Presidente Executiva Global e CEO da BYD Américas e Europa.
A planta de Camaçari inicia suas operações com foco na montagem dos modelos Dolphin Mini, Song Pro GL/GS e King GL/GS. A linha de montagem opera, por enquanto, com kits semi-desmontados, mas o planejamento prevê nacionalização progressiva dos processos industriais, com etapas como estampagem, soldagem, pintura e incorporação de conteúdo local.
A estrutura da fábrica é uma das maiores da América Latina voltada à produção de veículos elétricos, com 156.800 metros quadrados de área construída. A linha de produção incorpora tecnologias avançadas de automação, rastreabilidade em tempo real, robôs para instalação de vidros e fixação de baterias, além de um sistema tridimensional de uso do espaço.
Entre os diferenciais da operação baiana, está um sistema exclusivo de fricção silenciosa que mantém os níveis de ruído abaixo de 70 decibéis na linha de montagem. Essa solução visa otimizar o ambiente de trabalho e reduzir o impacto sonoro interno.
A capacidade inicial de produção é de 150 mil veículos por ano, com expansão projetada para 300 mil unidades na segunda fase. Além disso, a BYD já iniciou a contratação de mão de obra local. Atualmente, mais de 1.000 profissionais estão alocados diretamente nas atividades da fábrica e outros 400 foram recentemente incorporados. Até o fim de 2025, a previsão é chegar a 3.000 contratações adicionais, com oportunidades em áreas técnicas, operacionais e administrativas.
Em paralelo à estrutura industrial, a empresa avança na formação de uma cadeia de fornecimento local. Ao todo, 106 fornecedores brasileiros foram qualificados para atender à planta baiana. A primeira empresa homologada foi a Continental Pneus, também localizada em Camaçari, o que facilita a logística e reduz custos operacionais.
Outro destaque da operação brasileira é o desenvolvimento conjunto de um motor híbrido flex, o 1.5 DM-i, capaz de operar com etanol e gasolina. O projeto é fruto de uma colaboração entre engenheiros brasileiros e chineses, visando aliar eficiência energética e redução de emissões, com integração ao sistema elétrico dos modelos BYD.
A consolidação da planta baiana como hub industrial da marca na América Latina visa atender à crescente demanda do mercado regional por veículos eletrificados. A montagem em SKD é o primeiro passo da estratégia de expansão da produção local, que deve ganhar complexidade à medida que novas fases do projeto forem implementadas.
A BYD planeja, ainda, usar a planta de Camaçari como base para exportações futuras para países vizinhos. A localização estratégica no Nordeste facilita o acesso a rotas marítimas e oferece vantagens logísticas em relação a mercados como Argentina, Uruguai e Colômbia.