Presente anualmente no calendário brasileiro, o Setembro Amarelo tem se consolidado por tratar da conscientização à saúde mental. No entanto, a campanha ainda é considerada recente e deixa dúvidas em muitas pessoas. Qual é a origem dessa iniciativa? Acontece no Brasil e no mundo? Por que foi escolhido o mês de setembro? E por que a escolha da cor amarela? A equipe do BNews foi em busca dessas respostas.
“A criação do Setembro Amarelo se iniciou nos Estados Unidos na década de 1990 e foi inspirada na história da morte por suicídio de um jovem adolescente americano. No funeral, família e amigos deste jovem fizeram uma homenagem simbólica distribuindo cartões com um laço amarelo como uma referência à cor do carro que o jovem havia recém-restaurado”, descreveu ao BNews a psicóloga do Programa de Depressão da Holiste, Laís Abreu.Tal ato ganhou repercussão nos EUA e se espalhou por todo o mundo, contribuindo para o início da campanha. Mais a frente, em 2003, a Organização das Nações Unidas (ONU), estabeleceu o dia 10 de Setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Distribuir fitas amarelas nesse período se tornou um símbolo internacional de esperança, ajuda e luta pela prevenção. Desde então, diversos países adotaram uma política semelhante. No Brasil, a campanha do Setembro Amarelo tomou força e destaque em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)”, destacou Laís.
Segundo a historiadora e gerente de Responsabilidade social, Caroline Sodré, no Brasil a ação foi implantada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). “Em 2015, o CVV instituiu o movimento também como brasileiro e o Brasil abraça a causa há 10 anos oficialmente, sempre usando o amarelo como remetendo a Mike, que acabou morrendo no carro amarelo dele, mas também entendendo que o amarelo simboliza a luz, que simboliza a vida, assim, trazendo ainda mais significado para essa data”, descreveu.
A campanha no Brasil-No Brasil, a campanha vem mudando ao longo dos anos e está em crescimento constante. Para a psicóloga, as ações voltadas para a conscientização da saúde pública têm feito com que as discussões cheguem a diversos setores e instituições, sejam privados, sejam públicos, contribuindo para a identificação precoce de possíveis doenças psiquiátricas e dos sinais de alerta de quando alguém precisa de ajuda.
“A campanha contribui para diminuir o estigma em torno do sofrimento psíquico, além de divulgar a necessidade de tratamento psiquiátrico/psicológico adequado. Ainda que com avanços sobre o tema, a campanha do Setembro Amarelo continua sendo necessária diante do tabu que ainda existe sobre sofrimento mental. Falar sobre o assunto é importante e o primeiro passo quando se trata de prevenção”, afirmou a psicóloga.
“A campanha deseja chegar às pessoas no seu cotidiano e oferecer informações e suportes necessários, além de contribuir para o aumento de políticas públicas de saúde mental no país”, continuou ela.Já a historiadora ressalta o motivo da campanha não se limitar a um único dia. “É um mês inteiro para a gente relembrar do quanto é importante que as pessoas busquem ajuda, busquem falar sobre o que elas estão passando, falar sobre as suas questões mentais e buscar um tratamento”, concluiu.
Centro de Valorização da Vida
O Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas, todos os dias.Ao ligar para o número 188, é possível ser atendido por um voluntário, com respeito, anonimato, que guardará estrito sigilo sobre tudo que for dito. Os voluntários são treinados para conversar com todas as pessoas que procuram ajuda e apoio emocional.
Atendimento gratuito
Para buscar apoio através de atendimento com profissionais de saúde mental, de forma gratuita, na capital baiana, basta recorrer aos serviços oferecidos pela prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Atualmente, o município, através da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), dispõe de vários pontos de atenção à saúde mental.