O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), afirmou a O Antagonista que a participação mais ostensiva do presidente Lula na articulação política de seu governo é a ‘última cartada’ do petista.
As derrotas em série na sessão de vetos do Congresso Nacional na semana passada acenderam o alerta no Palácio do Planalto. Lula agora pretende ser mais efetivo na conversa com deputados e senadores. Hoje, o petista teve uma reunião com os líderes do governo na Câmara – José Guimarães; no Senado, Jaques Wagner e no Congresso – Randolfe Rodrigues para tentar melhorar a interlocução política do Palácio do Planalto com deputados e senadores.
“Ele [Lula] joga sua última carta. E o risco de fracassar é enorme. E estamos falando de um fracasso pessoal, direto. A questão é que a prática do ‘toma lá, dá cá’, principalmente na Câmara, se exauriu. Não há mais o que o governo possa oferecer”, disse Portinho a este site. “A velha política se tornou insustentável rapidamente”, complementou.
“Jaques Wagner e Randolfe são bons articuladores, mas faltam-lhes instrumentos para melhorar essa interlocução com deputados e senadores. A conversa está muito restrita à base. Para a oposição, ao menos no Senado, temos interesses em determinados projetos, o que é republicado. Mas essa pauta [conjunta] não existe nesse governo”, concluiu o líder.
Como publicamos mais cedo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as derrotas do governo no Congresso Nacional.
Segundo Padilha, o governo federal “tem noção da realidade do perfil do Congresso Nacional”, mas não estaria “sendo derrotado naquilo que é essencial”.
“Nada do que aconteceu na sessão do Congresso surpreendeu os articuladores do governo. Não vamos perder o mata-mata, não estamos sendo derrotados naquilo que é essencial. Temos muita consciência dessas prioridades”, afirmou Padilha.
Na semana passada, o governo foi derrotado, por exemplo, na derrubada do veto ao projeto de lei que extingue as saídas temporárias de presos do semiaberto, apelidado de PL das “sadinhas”. A articulação política do Planalto foi ainda derrotada na articulação que tentava derrubar o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a criminalização das fake news durante o período eleitoral.
