O bilionário Elon Musk multiplicou os anúncios, sobre a Starlink, empresa de internet por satélite da qual ele é dono, em plataformas como o Google e da Meta no Brasil. A ofensiva aconteceu no final do mês de agosto, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ameaçou o X (antigo Twitter) de suspensão por não cumprir ordens judiciais e encerrar sua representação legal no país.
Um levantamento feito pela Lupa mostra que 41 anúncios oferecendo a internet de Musk com descontos tentadores estiveram ativos nos últimos quatro dias do mês passado em território nacional — um número muito acima do praticado pela companhia nesse mercado.
Dados das bibliotecas de anúncios do Google e da Meta mostram que o pico de investimento da Space X em anúncios sobre a Starlink no Brasil coincidem com enfrentamento entre o X e o STF. Entre 1º de janeiro e 27 de agosto, circulava no Brasil uma média de um anúncio online sobre a Starlink a cada oito dias. Depois da ameaça de suspensão do X, publicada na quarta-feira, 28 de agosto, e até o sábado, 31, o investimento teve forte alta, chegando a 37 anúncios ativos ao mesmo tempo no dia 30 de agosto. Muitos deles ofereciam descontos de até 58% para quem aderisse ao serviço de internet da empresa em território nacional.
Assim sendo, se seu computador e celular estiverem inundados de anúncios de planos atrativos da Starlink, saiba que não é por acaso. Essas campanhas publicitárias indicam uma estratégia de Musk para expandir a base de clientes de sua empresa de internet no Brasil e, ao mesmo tempo, garantir receita em território nacional, abalada pela suspensão do X.
Na última quinta-feira (29), Moraes decretou o congelamento dos bens da Starlink em território nacional por entender que a organização poderia arcar com as multas de cerca de R$ 18 milhões aplicadas ao X até então. A polêmica decisão do ministro diz que as empresas de Musk formam um “grupo econômico de fato”, e, por isso, valores da Starlink podem ser usados para honrar multas do X.
No mesmo dia, Musk garantiu que a empresa fornecerá gratuitamente o serviço de internet aos seus clientes brasileiros enquanto suas contas estiverem bloqueadas e recebeu elogios em redes sociais. Na sexta (30), o STF ordenou a derrubada do X, bloqueando o acesso ao aplicativo em todo o território nacional. Mas, no domingo, o UOL noticiou que clientes da Starlink ainda tinham acesso regular à rede social. A Starlink informou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que não cumprirá a ordem do STF e não bloqueará o X no Brasil.
Fundada em 2019, a Starlink tem ao menos 215 mil clientes no país, segundo a Anatel.