A intensidade da Guerra da Ucrânia piorou após a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, apesar da promessa farsesca do americano de que acabaria com o conflito em 24 horas.

Análise da principal base de dados de conflitos do mundo, organizada pela ONG americana Acled (Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos) a partir de informações públicas, mostra que a aceleração é puxada principalmente pelos ataques aéreos com drones e mísseis.
Se na primeira semana da invasão russa, a partir de 24 de fevereiro de 2022, houve 62 ataques, o número saltou 15 vezes no começo do mês passado. Foram 920 incidentes contados pelo Acled, 595 deles na Ucrânia, e o restante, contra território russo.

A chegada de Trump, que assumiu em 20 de janeiro, foi decisiva. Nas 151 semanas da guerra até a posse, o Acled só contou mais de 1.500 episódios violentos, que incluem também explosões improvisadas e outras ocorrências, em cinco delas.
Nas 22 semanas a partir da volta do republicano, apenas uma ficou abaixo dessa marca. Na primeira semana de junho, foi registrado o recorde de 1.900 incidentes, mas a base só vai até a semana do dia 20 daquele mês.

O aumento da atividade é dos dois lados, com um incremento nos ataques aéreos das forças de Volodimir Zelenski com drones e artilharia. Além disso, os ucranianos passaram oito meses ocupando um pedaço de Kursk, no sul russo, até serem expulsos em abril.

Tudo decorre do posicionamento de Trump de, ironicamente, tentar resolver o conflito. Tanto Moscou quanto Kiev buscam melhorar sua posição militar em caso de alguma acomodação.
Ele havia dito pela primeira vez que encerraria a guerra em um dia em 4 de março de 2023, num evento de conservadores americanos. Repetiu a bravata durante toda a campanha em que derrotou Kamala Harris, a vice de Joe Biden, que desistiu de tentar a reeleição. Só admitiu “ter sido um pouco sarcástico” na fala em março deste ano.

Logo depois de assumir, deu uma guinada radical na posição do antecessor, retirando o apoio incondicional a Kiev e ligando para Vladimir Putin no dia 12 de fevereiro para abrir negociações diretas. Uma semana depois, os chefes da diplomacia de Washington e Moscou davam as mãos na Arábia Saudita.
Só que Putin, desconfiado das intenções de Trump, não cedeu e aproveitou o tempo ganho para ampliar sua ofensiva na Ucrânia, tomando de vez a região de Lugansk e avançando em locais que nem fazem parte de seu cardápio oficial de demandas, como Sumi (norte) e Dnipropetrovsk (centro-sul).

Enquanto isso, Trump se estranhou publicamente com o presidente Volodimir Zelenski, no famoso bate-boca no Salão Oval, e protagonizou um vaivém na relação com o ucraniano. Ao mesmo tempo, alternou ligações com Putin a críticas ao chefe do Kremlin, que abriu recalcitrantes conversas diretas com os ucranianos.

No mais recente capítulo, após suspender o envio de armas de defesa aérea a Kiev e ver Putin fazer os maiores ataques do conflito, o americano se disse decepcionado com o russo e promete uma “declaração importante” que Moscou antevê como ultimato na próxima segunda-feira (14).
Isso veio após Putin ordenar a maior ação com drones e mísseis, com 740 deles lançados principalmente contra Kiev na última quarta-feira (9). Na madrugada deste sábado foi realizado o segundo maior ataque, com 623 armamentos lançados, 26 deles mísseis. Duas pessoas morreram, segundo autoridades ucranianas.

As ações cristalizam a mudança de caráter do conflito, que era dominado por batalhas e bombardeios com artilharia nos seus dois primeiros anos. Até maio de 2024, sempre havia mais esse tipo de ação do que ataques aéreos, mas a contabilidade foi alterada. Na primeira semana de junho, enquanto os 920 drones e mísseis atingiam alvos, houve 590 embates armados e 384 bombardeios com artilharia.

By Laiana

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