A Política Nacional Integrada da Primeira Infância (PNIPI), aprovada no início do mês, marca um passo firme e necessário na construção de um país mais justo, com base na ciência, na escuta e na valorização da infância. Trata-se de uma decisão que inaugura uma nova era no cuidado com as crianças de 0 a 6 anos e suas famílias, adotando a primeira infância como estratégia de combate à fome, à pobreza e às desigualdades estruturais. É, sem dúvida, um grande ganho para todos.

A nova política, prevista no Marco Legal da Primeira Infância (2016), propõe a integração entre os entes federativos, articulação intersetorial e construção de um banco de dados nacional. Mais do que isso, propõe olhar para as crianças de forma integral, reconhecendo sua urgência, sua potência e seu papel central na construção do futuro.

Na instituição em que atuo há quase 30 anos, o compromisso com a primeira infância sempre foi uma prioridade. Com base em comprovações no aspecto socioemocional e em um profundo respeito pelas crianças, acreditamos que aprender é um processo ativo, no qual elas experimentam, testam hipóteses e ressignificam o mundo ao seu redor. É nessa fase que as conexões cerebrais se formam em velocidade única, criando a base para aprender, se comunicar, lidar com emoções e construir vínculos. Por isso, sabemos que as escolhas de agora são transformadoras e impactam o futuro.

Desde os primeiros anos da Educação Infantil, a proposta curricular está estruturada com base nos cinco campos de experiências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC): O Eu, o Outro e o Nós; Corpo, Gestos e Movimentos; Traços, Sons, Cores e Formas; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação; e Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações. Esses campos acolhem as situações e experiências concretas da vida cotidiana e os saberes infantis, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural. Assim, cada vivência é significativa e planejada com intencionalidade pedagógica.

Os espaços de aprendizagem são cuidadosamente pensados para integrar natureza, investigação e convivência. Contamos com parques, ateliês, biblioteca, sala do Pequeno Cientista, tanques de lama, espaço sensorial, horta, fazendinha, salas com varandas e áreas abertas. São ambientes que convidam à experimentação, ao vínculo e à construção da autonomia, porque entendemos que as crianças são agentes sociais e produtoras de cultura.

Outro diferencial importante é o currículo solidário, que aproxima desde cedo os pequenos de causas sociais. A partir dos quatro anos, os alunos participam de projetos ligados à proteção animal, à reciclagem e ao cuidado com o outro: vivências que desenvolvem empatia, consciência coletiva e responsabilidade social. Sabemos que experiências de solidariedade, colaboração e pertencimento também são parte fundamental da formação humana.

O projeto pedagógico contempla ainda o desenvolvimento de habilidades essenciais que acompanham o aluno por toda a vida escolar: conceitos fundamentais, idiomas, conexões globais, sustentabilidade, educação digital e, sobretudo, inteligência socioemocional. O cuidado com o bem-estar emocional da criança e de sua família é parte central do trabalho, com orientação contínua, escuta ativa e diálogo próximo com as famílias.

Esse olhar integral para o desenvolvimento infantil se estende também aos cuidados com a saúde, a alimentação e a rotina das crianças. Nutrição e higiene recebem a mesma atenção dedicada às aprendizagens cognitivas. As famílias acompanham os cardápios, e ações especiais de alimentação fazem parte do cotidiano. Todos esses aspectos são acompanhados por professores qualificados e uma equipe pedagógica que observa o processo de aprendizagem, realiza atendimentos individuais ao longo do ano, promove reuniões e compartilha com a família o desenvolvimento da criança por meio de relatórios descritivos.

Acreditamos que boas práticas precisam ser compartilhadas. O que vivenciamos no cotidiano da Educação Infantil pode inspirar outras escolas e redes de ensino. A aprovação da PNIPI cria o cenário ideal para essa troca de saberes e experiências. Queremos contribuir com o Brasil nessa jornada, oferecendo conhecimento, evidências, práticas pedagógicas e, acima de tudo, uma escuta ativa da infância.

Temos certeza que a verdadeira transformação do nosso país começa pelo cuidado com os primeiros anos de vida. Quando olhamos para a infância com seriedade, encantamento e urgência, abrimos caminhos para um futuro mais justo, humano e promissor. É nessa fase preciosa que tudo se forma: vínculos, valores, possibilidades. E é por isso que acreditamos, com muita esperança, que cuidar da infância é o gesto mais potente que podemos fazer pelo amanhã. O futuro começa agora, e começa com as crianças.

By Laiana

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